sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Estágio no exterior!

Fazendo housekeeping (ou 5S pra quem prefere termo "lean") numa caixa de emails que eu tenho no yahoo e entro de seis em seis meses pra ver se tem algo de importância, me deparei com este texto que me cutucou a atenção.
Tem um certo tom nostálgico relembrar o ano que moramos na Alemanha e fomos bolsistas. A gente era muito novo, estávamos aprendendo a viver. Acho que foi o ano mais legal da minha vida. Chic demais. Antes de ir pra lá eu era bonzinho. Voltei meio bandido!
Ainda vou colocar algum causo do velho mundo. Dá pra ficar a tarde inteira tomando tereré e contando as presepadas.
Esse texto, do pai de amigo meu, é pra galerinha que estava lá. (e ainda está, vide Carleto zum Beispiel!)
Lembro direitinho deste sábado lá em Stuttgart. Tinha um monte de caixa de cerveja, tudo na sombra (alemão não bebe cerveja quente...só "à temperatura ambiente"). 
Parece que foi um outro dia desses...
Divirtam-se.
PS: adivinha quem é o protagonista da história? =P

"Andando por esse mundão afora conhecemos episódios insólitos!

Estávamos todos alegres, festejando, afinal era uma reunião de estudantes universitários, as melhores cabeças pois se estava na Alemanha.  Todos eles haviam passado por provas dificílimas de conhecimento técnico em inglês, onde milhares concorreram e apenas algumas dezenas alcançaram a esperada aprovação, tendo como recompensa um estágio de quatorze meses naquele país.

Era uma festa típica de brasileiros, com a brasileiríssima e saborosa feijoada e a tradicional e deliciosa cerveja alemã. Tá certo que alguns nada bebiam!  Mas todos, indistintamente, celebravam  aquela reunião!  A brasileirada se esbaldava, ainda mais com aquela feijoada, feita no maior capricho  pela mãe  de um dos estudantes. Todos ajudaram  trazendo cada um sua parte: seja feijão, carne e demais ingredientes, aliás, solicitados com alguns dias de antecedência. O mais difícil, acredite, parece até mentira, foi se encontrar a panela de pressão, objeto aparentemente desconhecido na terra de Goethe.  

Numa hora dessas, após algunsgoles, todos destravam a língua, inclusive os mais introvertidos. Conversa vai, conversa vem, o assunto abordado passa a ser o estágio. Todos eles cursavam engenharia em Universidades  alemãs e,  naquele período de férias,  estagiavam  na Mercedes Benz,  Bosch,  Porsche, BMW, Siemens, Audi  e outras empresas. Cada um falava  como estava  seu trabalho,  o que fazia, como era seu chefe,  com quem trabalhava, como era o relacionamento com as pessoas, as dificuldades existentes, ainda mais como se expressar corretamente,  pois nessa situação a única língua de comunicação é a alemã, sabidamente um pouco complicada, a não ser para quem a aprendeu desde criança ou, em última instância, durante os anos do primeiro e segundo graus, o que não era o caso de nenhum deles. Enfim, todos ou quase todos, manifestavam sua opinião, explicando a importância do aprendizado num país de primeiro mundo, o que isso beneficiaria a futura carreira profissional de cada um.  

Todos deveriam retornar ao nosso país para terminar suas respectivas faculdades, razão pela qual precisavam da documentação das Universidades alemãs e daquelas empresas. Foi aí que houve um certo suspense no ar! Algo que alguns, deliberadamente,  provocaram com o propósito de ouvir daquele estudante sua opinião. A totalidade deles dizia que necessitava de tais documentos!  Ele, em tom de chacota, afirmava categoricamente não carecer de papel nenhum daquele país, de nenhuma prova de que fizera estágio em empresas alemãs. Por mais que insistissem, nada   revelava, mantendo um sorriso  zombeteiro, o que intrigava mais ainda os demais.  

Por fim, um dos que sabiam o  porquê, deu com a língua nos dentes:  ele dormiu no estágio!!!   Aquilo foi como bater um pênalti no último minuto de jogo e fazer o gol!  Todos caíram na mais ruidosa gargalhada!  Aquela ampla cozinha virou uma balbúrdia!  Após algum tempo ele contou, ainda com o sorriso de prazer estampado no lábios:

- Ninguém é de ferro!  Dormi, sim! Por quê não?  Na noite anterior, durante a balada, que se prolongou até quase  raiar  o dia, tomei umas e outras, dormindo muito pouco no meu quarto!- E daí?  Conta mais,  perguntava outro. - Não sei muito porque acho que dormi um bom tempo no trabalho. Só sei que acordei com o chefe ao meu lado e vários funcionários, alguns segurando o riso, visto que eu babei e ensopei os papéis que estavam sobre a mesa.  Aí novamente a risada tomou  conta da brasileirada. Até hoje, quando lhe perguntam,  ele responde:
- Pra que papel ???"
(João de Paula  -  abr/2002)

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